Recentemente, Florianópolis, capital de Santa Catarina, conquistou destaque internacional ao aparecer no ranking das cidades mais bike‑friendly do mundo em 2025. Publicado pela organização global PeopleForBikes, o City Ratings 2025 avalia a qualidade e conectividade da infraestrutura cicloviária em quase 2.901 cidades – tanto nos Estados Unidos quanto em âmbito global.

O que faz essa conquista ainda mais relevante é o fato de que Florianópolis não está sozinha. Outras quatro cidades brasileiras – São Paulo, Fortaleza, Curitiba e Belford Roxo – também figuram entre as melhores. Esse reconhecimento reforça o crescente investimento e compromisso do país com a mobilidade por bicicleta.
Ranking das cidades brasileiras no City Ratings 2025
A classificação segue uma pontuação que varia de 0 a 100, levando em conta critérios como pistas cicloviárias protegidas, faixas tranquilas, estruturas fora da via e tratamentos em cruzamentos, sempre visando conforto e segurança para ciclistas.
Alcançar a marca de 50 pontos é simbólico: representa o “tipping point”, ou ponto de virada, onde a cidade atinge um patamar que sustenta melhorias contínuas e orçamento para expansão de infraestrutura cicloviária.
Por que o ranking importa?
- Visão estratégica na infraestrutura
O ranking vai além de medir o que já existe. Ele também rastreia a evolução de projetos cicloviários – desde planos e propostas, até execução e conclusão – por meio do Great Bike Infrastructure Project (GBIP) da PeopleForBikes. Isso permite entender se uma cidade está apenas falando sobre melhorias ou realmente construindo-as. - Metodologia SPRINT
A avaliação segue seis pilares, sintetizados pela sigla SPRINT:
- Safe speeds (velocidade segura),
- Protected bike lanes,
- Reallocated space (espaço realocado),
- Intersection treatments (tratamento de cruzamentos),
- Network connections (conectividade da rede),
- Trusted data (dados confiáveis).
Esses elementos refletem o ambiente real do ciclista urbano.
- Safe speeds (velocidade segura),
- Efeito mobilizador
Para cidades ao redor do mundo, atingir uma pontuação a partir de 50 é um sinal claro de que há maturidade no estímulo ao uso da bicicleta. Nos EUA, por exemplo, o número de municípios nessa faixa saltou de apenas 33 em 2019 para 234 em 2025.
A performance de Florianópolis
Com pontuação de 50, Florianópolis alcança o status de cidade que já possui uma estrutura cicloviária relevante e, ao mesmo tempo, está em fase de expansão. Essa nota simboliza que a capital catarinense atingiu o “tipping point” local, onde melhorias passam a se sustentar e atrair investimentos.
Esse destaque reforça uma tendência global: cidades menores e médias estão se destacando nas taxas de ciclomobilidade. Basta olhar os resultados mundiais: Paris, Delft e The Hague lideram o ranking internacional, demonstrando que planos consistentes e execução direcionada são a chave para aumentar a mobilidade sustentável.
Contexto no Brasil
O desempenho de Florianópolis reflete um esforço nacional para elevar a infraestrutura cicloviária:
- São Paulo (54): lidera internamente, mas ainda enfrenta desafios de conectividade e segurança nas ciclovias.
- Fortaleza (52): tem implementado redes regionais e integradas, melhorando a segurança.
- Curitiba (48): continua estruturando ciclovias, mas ainda precisa expandir conectividade.
- Belford Roxo (47): surpreende pelo avanço em infraestrutura nas periferias.
A presença dessas cinco cidades no ranking evidencia que investimentos estão alcançando diferentes regiões e realidades urbanas.
Cenário global e inspiração para Florianópolis
No ranking internacional, Florianópolis está ao lado de cidades de referência mundial em ciclomobilidade:
- Paris (89 pontos): tornou-se símbolo global após revitalização massiva de ciclovias protegidas, zonas de tráfego calmo e expansão contínua da malha cicloviária .
- Cidades como Delft, The Hague e Brussels mantêm tradições ciclísticas consolidadas, com infraestruturas completas e uso restrito de automóveis.
Esses exemplos mostram o que Florianópolis pode seguir: consolidar redes cicláveis, incentivar o uso da bike em deslocamentos diários e envolver a comunidade no planejamento urbano.
O que Florianópolis pode aprender e aplicar
- Concluir projetos em andamento
A integração do GBIP mostra que concluir ciclovias protegidas e calmas é tão importante quanto planejá-las. - Aprimorar interseções e travessias
As interseções são pontos críticos para segurança. Tratamentos adequados reduzem acidentes e elevam a pontuação SPRINT nos critérios de “intersection treatments”. - Educar e engajar a população
Programas de conscientização sobre uso e respeito ao ciclista, além de incentivar a cultura da bike, aproximam a cidade de um uso mais sustentável e seguro. - Monitoramento contínuo
Utilizar dados confiáveis por meio de contagens de ciclistas e avaliações de infraestrutura reforça progresso e ajuda a planejar ações baseadas em evidências.
Benefícios para a população
- Saúde e bem-estar: o uso frequente da bicicleta reduz riscos de doenças e melhora a qualidade de vida.
- Menos poluição: deslocamentos em bicicletas reduzem emissões de CO₂.
- Trânsito mais fluido: ciclistas ocupam menos espaço e contribuem para a diminuição de congestionamentos.
- Turismo sustentável: Florianópolis, popular entre turistas, atrai quem busca experiências ativas com qualidade de infraestrutura cicloviária.
Além disso, estar no ranking aumenta a visibilidade internacional, atraindo eventos e estímulos econômicos.
Em 2025, Florianópolis alcança o cobiçado status de cidade bike‑friendly graças ao esforço consistente na melhoria de sua infraestrutura cicloviária. Ao aparecer ao lado de grandes metrópoles globais, a capital catarinense abre caminho como modelo para outras cidades brasileiras.
Embora os 50 pontos representem um patamar importante, esse é apenas o começo: com foco em completar ciclovias, reforçar segurança, estender conectividade e valorizar dados de uso, Florianópolis pode subir ainda mais no ranking global.
Portanto, este reconhecimento não é apenas uma conquista — é um ponto de partida para transformar a mobilidade urbana e posicionar a cidade entre as melhores do planeta para quem pedala.